Pai de segunda viagem aos 50 anos, o diagramador Alex Bertuol divide a experiência do casamento com a prima Sabrina e a chegada do novo herdeiro
O agosto de 2024 foi diferente para o diagramador do Antena, Alex Bertuol. Aos 50 anos, ele se tornou pai pela segunda vez, com a chegada do Rafael, no dia 1º. O pequeno é fruto do casamento com a prima Sabrina Bertuol, 41, com quem está junto desde 2002. A relação começou lá em Pelotas. Fernanda, a primogênita, tem 10 anos.
Ao longo do tempo, o casal teve de lidar, sobretudo, com questões culturais. Receios da família, medo das gestações e até o “espanto social” devido ao parentesco. Desde o início do relacionamento, o casal havia pensado em não ter filhos. A adoção era o caminho. Por isso, quando souberam da chegada de Fernanda, a dupla teve um choque. Havia o receio de a criança nascer com algum tipo de síndrome em função da alta carga genética.
De acordo com Sabrina, o suporte do clínico-geral Paulo Führ foi fundamental durante a gestação. O profissional explicou que o risco de o feto ter uma má-formação, por exemplo, é semelhante ao de uma relação “tradicional”, digamos assim. Alex complementa que não há histórico de problemas mais sérios na família.
Aprendizado na prática
Ao lembrar da época em que Fernanda era bebê, Alex destaca que a falta de experiência pesou. Ele admitiu ter encarado a paternidade, até determinado momento, como um “bicho de sete cabeças”. Era preciso trabalhar a calma e a paciência. O homem que dizia não gostar muito de crianças – de repente – cuidava e dava todo seu amor a um novo ser. “Com o primeiro filho, temos a sensação de que seguramos um boneco de porcelana. Ficamos com medo de deixá-lo cair”, brinca.
Os anos passaram. Fernanda cresceu. Para explicar a questão parental, Alex e Sabrina desenvolveram um conceito diferenciado. Disseram à filha que é “prima dela mesma”. “A gente pensou em como ela ia montar a árvore genealógica (risos) ”, comenta Sabrina. Na escola, a reação das professoras e até colegas da criança ainda é de certa surpresa, mas hoje encarada com uma naturalidade maior.
Pai outra vez
Em dezembro, Sabrina descobriu que estava grávida novamente. Foi uma surpresa. Havia a preocupação com a idade avançada e as próprias questões financeiras da família. Buscou Alex no jornal e contou, aos prantos, a novidade. Ele, que já desconfiava da “visita da cegonha”, então, enfatizou que o casal “sempre enfrentou tudo junto e agora não seria diferente”. Passaram-se os nove meses.
Agora pai de segunda viagem, Alex sublinha o quão a experiência tem sido proveitosa, com a noção do que deve ou não ser feito, da importância de auxiliar a mãe da criança em todos os aspectos, de garantir a atenção integral. Há uma conexão maior. “O Rafael é tranquilo. Praticamente acorda só para mamar. O processo demora, em média, uma hora. Adoro fazê-lo arrotar, mas ainda não gosto muito de trocar as fraldas”, comenta bem-humorado.
A maturidade também ampliou o conceito de paternidade. Alex acredita que o seu papel é criar, educar com amor, estar presente, saber equilibrar a razão e a emoção, sem a necessidade de o pai atuar como um “centralizador”. “Ele tem um coração enorme, mole. Por isso, a Fernanda sempre o procura para pedir algo primeiro. Se não consegue, aí vem atrás de mim”, afirma Sabrina.
Virada de chave
Integrante da ala dos cinquentões, Alex destaca a reflexão proporcionada pela nova idade. “A pessoa vira a chave quando chega aos 50 anos. Passamos a contar para trás, pensamos nas consequências. Imagina, quando o Rafael fizer 18, terei quase 70! Ao mesmo tempo, desenvolvi o conceito de curtir o agora e não sofrer por antecipação”, afirma.
Simultaneamente, foram desenvolvidos alguns gatilhos importantes, especialmente do ponto de vista da responsabilidade. Tais como o medo de se colocar em situações de perigo, de morrer, porque “uma ou mais vidas dependem da minha existência”.
Questionado sobre o que espera para o futuro do recém-nascido Rafael e de Fernanda, Alex é direto. Deseja a vivência de ambos em uma sociedade menos radical, na qual eles possam ser o que quiserem, respeitem e sejam respeitados. Acima de tudo, busquem sempre a felicidade.