O município de Encantado completa 110 anos de história. Imaginando que muitas pessoas desconhecem a origem de nosso Encantado, tentei pesquisar para fornecer algumas informações históricas. Resumindo, eis o resultado.
O território onde surgiria o município de Encantado era coberto por extensas matas e habitado por índios guaranis. Tudo faz crer que fossem os Charruas ou Tapes. A primeira exploração do território aconteceu em 1635, com os padres Jesuítas, para iniciar a exploração do Rio Guaporé e Taquari, iniciando pelo Rio das Antas, na margem esquerda do rio Taquari. No início, antes de ter esse nome, Encantado pertenceu a um dos quatro municípios primitivos do Rio Grande do Sul: Porto Alegre, Rio Grande, Rio Pardo e Santo Antônio da Patrulha. Com a criação do município de Triunfo, em 1831, toda a região do nordeste do município de Porto Alegre passou a compor o novo município, e com ele o território inexplorado de Encantado. De Triunfo passou para Taquari, território criado em 4 de julho de 1849.
Encantado era apenas uma mera expectativa econômica, até que Estrela despontou no cenário político-administrativo do Rio Grande do Sul como parcela autônoma, em 1882. Das terras desmembradas de Taquari, foram localizadas as colônias hoje denominadas Guaporé e Encantado.
O grande território de Encantado estava subdividido em áreas de grandes proprietários, de empresas colonizadoras, ou mesmo de pessoas físicas, que vendiam a terra para os colonizadores.
Em 1878, o Coronel José Francisco dos Santos Pinto, mapeou suas terras para poder vende-las aos imigrantes ou aos migrantes que vinham de outras localidades já colonizadas. A colonização e o povoamento do território ocorreram oficialmente em 1882, quando aqui se estabeleceram as primeiras famílias Lucca e Bratti, vindas da Itália. O novo povoado surgiu no vasto território quase virgem, tendo ao sul a colônia alemã de Arroio do Meio. Ao norte e oeste, havia os povoados já florescentes de Soledade e Passo Fundo, visto que a colonização de Guaporé só se iniciaria em 1892.
Em 1887, graças à religiosidade do povo e à iniciativa do padre Eugênio Steinnert, de Estrela, teve início a construção do primeiro templo católico. Assim, foi concluída a primeira igrejinha de madeira, em terreno doado, sob a invocação de São Pedro Apóstolo, localizada onde hoje está o salão paroquial, uma quadra abaixo da igreja atual.
Devido ao seu rápido desenvolvimento, Lajeado, que pertencia a Estrela, foi feito município em janeiro de 1891. Encantado passou a pertencer a esse município, sendo elevado à categoria de 2º distrito de Lajeado em janeiro de 1892.
No distrito de Encantado havia os seguintes povoados: São José da Anta Gorda (Borguetto), pequeno povoado no núcleo Anta Gorda, Santo Antônio do Jacaré (Relvado) e Nova Bréscia, também chamado Arroio das Pedras. A 7 de Maio de 1914, uma comissão, formada por pessoas de Encantado, Anta Gorda e Itapuca, encaminhou ao então governador do Estado, Dr. Antônio Augusto Borges de Medeiros, memorial solicitando a criação do município, tendo por base os territórios de Encantado e Anta Gorda, distritos de Lajeado, e Itapuca, distrito de Soledade, cuja sede ficaria em Encantado.
O nome ‘Encantado’
Segundo os historiadores Gino Ferri e Thomé, o cacique de uma tribo de índios chamado “Maná” ao navegar pelo rio Taquari com sua canoa, acompanhado por outros dois índios de sua tribo, chegando às proximidades da foz de um riacho, avistaram um vulto branco, sem precisar sua forma, o qual ao pressentir a aproximação dos indígenas, jogou-se nas águas profundas do rio, desaparecendo como que por encanto. Surpresos e “encantados” com aquela visão do desconhecido, só foram pronunciar algumas palavras após se refazerem do susto, que mais tarde tornou-se uma espécie de lenda, tendo a foz sido denominada de arroio “ENCANTADO”.
O nome de Encantado apareceu registrado pela 1ª vez no ano de 1856, no livro de registro paroquial nº 38, na localidade de Santo Amaro, às folhas 540, registro 24. Houve também outra denominação dada pelos primeiros imigrantes que fundaram o vilarejo, chamando o lugar de “São Pedro de Encantado” ou “São Pedro de Valdástico”, devido ao local de origem dos imigrantes que vieram da Itália. Mas o nome Encantado foi o que prevaleceu.
Encantado município – Às vésperas da emancipação, Encantado possuía três ruas: Júlio de Castilhos, Marechal Deodoro e Tiradentes. A população do distrito girava em torno de 7.000 habitantes; a de Anta Gorda 8.600 habitantes e a de Itapuca 3.843 habitantes.
Em 31 de março de 1915, o Governo do Estado publicou o Decreto Nº 2.133, elevando à categoria de Vila com a denominação de “Município de Encantado”, tendo por sede o povoado deste nome e abrangia o território compreendido pelos distritos de Encantado, Anta Gorda e Itapuca.
A área do Município em 1915 era de 1.306 quilômetros quadrados. A posição geográfica de Encantado à margem do Taquari fez com que o grande escoamento de produtos passasse pelo povoado. Ao emancipar-se, em março de 1915, Encantado tinha como limites: ao Norte, Soledade e Guaporé; ao Sul, Lajeado e Estrela; a Leste, Guaporé e Estrela; ao Oeste, Soledade e Lajeado. Mais tarde, com a emancipação de muitas cidades vizinhas, as divisas passaram a ser: ao Norte com Doutor Ricardo e Relvado, ao Sul, Arroio do Meio e Roca Sales; a Leste, Muçum e Roca Sales; a Oeste, Arroio do Meio.
Ao celebrar 110 anos de história, Encantado se encontra numa grande encruzilhada: é hora de reconstruir, crescer e progredir! Graças ao trabalho e ao espírito empreendedor de seus habitantes, que construíram o passado e o presente, apesar das tragédias climáticas jamais imaginadas, hoje Encantado vive um momento extremamente promissor. A inauguração do complexo do Cristo Protetor é um marco histórico irreversível e glorioso, que irá motivar e alavancar muitas iniciativas importantes para o progresso de toda essa região. PARABÉNS, ENCANTADO!!!
Pe. Genoir Pieta








